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Política

Dirigentes paraguaios de Itaipu renunciam por discordar de ata para comprar energia

29 julho 2019 - 22h22

Quatro membros do alto escalão do governo paraguaio renunciaram, nesta segunda-feira (29), aos cargos, incluindo o embaixador do Paraguai no Brasil, Hugo Saguier, e o ministro de Relações Exteriores, Luis Alberto Castiglioni. Além dos dois representantes, pediram demissão, também, o presidente da Ande (a Administração Nacional de Eletricidade), Alcides Jiménez, que estava há poucos dias no cargo, e o titular paraguaio da usina hidrelétrica binacional de Itaipu, José Roberto Alderete.

O presidente paraguaio, Mario Abdo Benítez, aceitou as renúncias do grupo diante do motivo apontado para justificar a saída coletiva: a assinatura, em maio, de uma ata bilateral sobre o cronograma de compra de energia de Itaipu até 2022 — um ano antes da renegociação do anexo C do tratado original da usina. Segundo a agência de notícias EFE, essa foi a primeira vez em que o Paraguai estabeleceu, com antecedência, a compra de energia. Até agora, a contratação era feita a cada ano.

O documento, assinado sem consulta à opinião pública pelos governos de Brasil e Paraguai, causou grande repercussão no vizinho latinoamericano - a ponto de o agora ex-chanceler, Luis Alberto Castiglioni, anunciar no domingo (28) que o Paraguai pedirá ao Brasil para cancelar o documento.

O presidente anterior da Ande, Pedro Ferreira, já havia pedido demissão na quarta-feira (24), por se recusar a assinar a ata. Jiménez, que renunciou nesta segunda-feira, assumiu o cargo no mesmo dia, escreveu o portal G1. Por causa da assinatura da ata, os quatro funcionários têm sido chamados de "entreguistas" pela imprensa paraguaia.

Na quinta-feira (25), o agora ex-embaixador paraguaio no Brasil, Hugo Saguier, que participou das negociações do documento, afirmou que não houve "nenhuma renúncia de soberania" do Paraguai em relação ao Brasil. Segundo a imprensa paraguaia, ele declarou que irá ao Congresso para explicar o que aconteceu nas tratativas.

O jornal paraguaio ABC Color aponta que a usina de Itaipu possui dois tipos de energia: a garantida (mais cara) e a adicional, que é um excedente (mais barato). Em 2007, o Paraguai conseguiu se beneficiar, com prioridade, do uso de energia adicional em maior quantidade, em troca da instalação de mais duas turbinas binacionais, das quais o Brasil precisava. Com a ata, diz o veículo, o Paraguai renuncia ao benefício da energia adicional e concorda em usar a energia garantida, mais cara, em igual proporção — o que gerará uma diferença de US$ 350 milhões (R$ 1,3 bilhão) para a Ande, segundo especialistas da área ouvidos pelo jornal.

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