Temido pela população de países tropicais, como o Brasil, devido ao clima favorável à sua proliferação, o mosquito Aedes Aegypti possui um ciclo de vida de 45 dias e, apesar do período curto de sobrevivência, pode colocar até 450 ovos, transmitindo doenças como a dengue – que matou 17 pessoas em Mato Grosso do Sul no ano passado. Como outras espécies na natureza, o mosquito também se adapta às condições de subsistência e a água limpa deixou de ser a única opção para que a fêmea deposite seus ovos.
“O mosquito se adapta e a fêmea já começou a procurar água suja para depositar os ovos”, alerta o coordenador Estadual do Controle de Vetores, Mauro Lúcio Rosário. E por isso, segundo ele, os cuidados com água parada, seja ela suja ou limpa, precisam ser constantes e acentuados, disse ele.
Ficar atento aos hábitos do mosquito pode ajudar a se livrar do inseto tão inconveniente. Segundo Mauro, já que as fêmeas são as únicas que picam, por precisarem extrair do sangue humano proteínas que ajudam na produção dos ovos, é importante saber que 90% delas são encontradas dentro de casa. “Duas condições favorecem para que as fêmeas permaneçam em uma residência. A primeira é a fonte de alimentação, ou seja, os moradores, e a segunda é o local para depositar os ovos”.
No inverno a proliferação dos mosquitos é menos intensa, já que a fêmea leva mais tempo para colocar os ovos. No entanto, além de continuar depositando ovos em recipientes com água parada, a sua alimentação segue normalmente, ou seja, ela vai continuar picando. Também com temperaturas mais amenas, os ovos demoram mais tempo para eclodir quando estão em contato com a água, mas ao contrário dos que as pessoas acreditam os mosquitos não param de se proliferar.
“Se no verão a larva leva de 8 a 10 dias para chegar à fase adulta, no inverno poderá levar até 20 dias por causa da temperatura da água. No calor, a fêmea se sente mais a vontade para se alimentar e colocar os ovos. Porém, os hábitos continuam os mesmos no inverno. Em temperaturas iguais ou menores de 5° graus a fêmea não resiste e morre e isso também acontece quando os termômetros marcam mais de 40° graus”.
Já os ovos do mosquito são de extrema resistência e podem suportar em um recipiente, sem ter entrado em contato com a água, entre 300 e 400 dias. “Por isso a população precisa estar atenta aos cuidados com possíveis criadouros do mosquito, porque assim que vier uma chuva os ovos vão eclodir”, afirmou.
Segundo Mauro, dentro de uma residência uma fêmea é capaz de picar até cinco pessoas e esse “ataque” pode acontecer em qualquer horário do dia. “Antes acreditava-se que as picadas só aconteciam no início do dia ou no fim da tarde, mas isso não funciona assim. O mosquito pica durante todo tempo”, explicou.
Se a fêmea estiver infectada ao colocar seus ovos, pelo menos 60% das larvas já estarão contaminadas ao eclodirem. “Isso se chama transmissão transovariana. O mosquito Aedes Aegypti pode se contaminar com o vírus da dengue, febre amarela, chikungunya ou da zika através dessa transmissão transovariana, da fêmea para larva, ou picando uma pessoa que esteja contaminada com uma dessas doenças”. Segundo Mauro, a transmissão transovariana contribui e muito para as epidemias.
Lixo ou entulhos acumulados são locais onde fêmea do mosquito deposita os ovos. Foto: Arquivo
Podendo voar em um raio de até 100 metros de distância, o mosquito é capaz de deixar a residência para colocar os ovos em outro local, caso ali não encontre um recipiente com água parada, e ainda voltar para a mesma casa onde ele consegue alimento.
“Por isso a preocupação grande com a limpeza de terrenos baldios onde o lixo é criadouro certo para esse mosquito. Sem contar com os cuidados necessários dentro de casa, evitando deixar recipientes, garrafas, vasilhas nos quintais, tratando a piscina com cloro, entre outras medidas extremamente necessárias”, explicou o coordenador.
O Aedes Aegypti ficou conhecido por ser rajado de listras pretas e brancas, mas Mauro lembra que ao completar 30 dias de vida essas escamas caem e assim se torna mais difícil reconhecê-lo. “Eles podem ter o tamanho de um pernilongo, aproximadamente de 0,5 centímetros, ou ainda ser um pouco menor”.
Campanha Estadual de Continuidade no Combate ao Mosquito Aedes Aegypti
O Governo do Estado de Mato Grosso do Sul lança nesta terça-feira (25) a Campanha Estadual de Continuidade no Combate ao Mosquito Aedes Aegypti. A Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul (SES/MS) reforçará os trabalhos de conscientização no combate ao foco de criadouros do mosquito Aedes Aegypti, em especial na redução do acúmulo de resíduos nas residências e em terrenos baldios nos municípios de Mato Grosso do Sul.
Para auxiliar nos trabalhos de enfrentamento ao Aedes Aegypti nos municípios, o governo também entregará 15 veículos, sendo: 9 caminhonetes Fiat Strada com bombas de aplicação de veneno acopladas, 2 veículos modelo Nissan Versa e mais 4 veículos modelos Doblô, doados pelo Ministério da Saúde, por meio da Sala Nacional de Situação.