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Opinião

Cautela e caldo de galinha

21 setembro 2010 - 14h05Por Wilson Valentim Biasotto

Tenho sido contundente em minhas críticas a algumas hipóteses que surgiram para a sucessão do prefeito Artuzi e também em relação à medidas tomadas, especialmente a ação repressora da Polícia Militar, que no dia 13 de setembro mandou bombas de efeito moral e acertou com balas de borracha alguns manifestantes que estiveram protestando em frente da Câmara Municipal.

Tenho, no entanto a consciência de que não podemos atirar gasolina ao fogo. Conforme os ensinamentos de minha avó, que aprendeu por sua vez com a avó da avó dela, cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém. A situação de Dourados é tão complexa que requer certa medida de paciência e compreensão.

Nessa última segunda-feira (20/09/2010) a Câmara Municipal tentou se reunir após o fracasso da semana anterior, mas não houve quorum. Novamente se verificou também um grande público assistindo à sessão, mas agora não houve quebra-quebra e a polícia, ao contrário da semana passada, teve um comportamento exemplar: aumentou preventivamente o efetivo e permitiu a manifestação pacífica clamando por eleições já.

Por outro lado o Tribunal de Justiça cancelou na tarde de ontem (20/09/2010) a posse ao cargo de prefeita que seria dado à presidente eleita na última sessão da Câmara, Délia Razuk.

Medida corretíssima, em primeiro lugar porque o vice-prefeito, embora preso, ainda não foi impedido de assumir o cargo de  prefeito e, em segundo, porque se empossada prefeita, a presidenta da Câmara teria que convocar imediatamente eleições para prefeito e vice, o que também seria arriscado.

Alguns dirão que a convocação de “eleições já” não seria mais que obrigação. Outros engrossarão o coro afirmando que na verdade se está cozinhando o galo com fogo brando.

Ocorre que uma eventual convocação de eleições, antes do  impedimento definitivo do prefeito e do vice, poderia ser suspensa judicialmente, o que resultaria num imbróglio ainda maior.

Que fazer além de aguardar?

Apelar para o bom senso de todos. Aos tribunais para que se debrucem sobre o caso com a urgência que ele requer. Aos vereadores para que compareçam às sessões ou que renunciem
aos seus respectivos mandatos. Aos manifestantes que estão representando os legítimos anseios da população por “eleições já”, que continuem a agir com prudência, sem violência, mas com
firmeza, para que não se configure nenhum eventual golpe à nossa liberdade de podermos escolher por via direta o nosso futuro administrador.

Sempre é bom lembrar que a população somente vai às ruas clamar por seus direitos quando as instituições não dão conta de encontrar soluções rápidas para casos iguais ou semelhantes ao que estamos presenciando.

Nada está perdido, mas não custa lembrar que paralelamente aos fatos decorrentes da Operação Uragano existe um pedido de intervenção em Dourados por conta de não pagamento de precatório. Isso abre a possibilidade de o governador nomear um interventor, embora não creio. Penso que, ressabiado com o acordo feito com Ari, o governador dificilmente vai montar novamente em porco.

Por outro lado, outubro, novembro e dezembro passam muito rapidamente e se a situação não for resolvida até o final do ano, se configurará grande golpe, pois a partir de janeiro não haverá mais eleição para substituir o prefeito, pois reza a Lei que haverá nova eleição se prefeito, vice e presidente da Câmara estiverem impedidos de assumir antes de expirar meio mandato.

Disse e repito: compete a nós douradenses encontrar em nosso próprio seio as forças necessárias para retomarmos o nosso desenvolvimento sustentável. Significa dizer, o desenvolvimento econômico acompanhado do desenvolvimento social e do respeito ao Meio Ambiente.

Portanto, “eleições já”, urgentemente, mas com todas as arestas devidamente aparadas.

Suas críticas são bem vindas: [email protected]

O autor é membro da Academia Douradense de Letras; aposentou-se como professor titular pelo CEUD/UFMS, onde, além do magistério e desenvolvimento de projetos de pesquisas, ocupou cargos de chefia e direção.