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Opinião

O que é jornalismo, Clóvis Rossi?

15 junho 2019 - 21h55Por Leandro Massoni

A arte de escrever, de interpretar situações e colocá-las em evidência nos jornais, revistas e sites, fazer acontecer e ter sua matéria vista e notada por milhares de pessoas, escancarar a vida de políticos e magnatas envolvidos com esquemas de corrupção diversos e dar a voz às minorias e marginalizados pela sociedade atual e contemporânea. Talvez sejam essas algumas das missões atribuídas ao fato de fazer acontecer o jornalismo cotidiano, embora a área ainda demande de outras tarefas.

Algumas dessas tarefas têm a ver com nossos leitores. Muitos deles chegam a duvidar do que repercutimos ou reportamos na imprensa, uma vez que a polarização política vem ao desfavor da democracia, tentando na maioria das vezes favorecer o lado dos que estão no poder absoluto – ou como eles costumam pensar que seja assim. Mas na prática, o poder está em quem tem voz e deseja unir a justiça e a igualdade de direitos em um mesmo parágrafo.

A triste notícia da morte do jornalista Clóvis Rossi [ocorrida na sexta, dia 14], aos 76 anos, nos deixou desamparados em meio à catástrofe que vivenciamos nos mais variados cenários em que o Brasil se encontra submerso. Lembro-me que na faculdade, logo no início, chegava a duvidar da área e do que seria de mim em um futuro não muito distante. Sabia que tinha vontade de ler, escrever e levar informações e conteúdo para quem desejasse ter acesso. Mas havia muito mais do que isso. E muito mais.

Quando decidi que já estava na hora de tentar ler alguma publicação referente a jornalismo - porém, antes, acredito que o primeiro livro que li na universidade foi um pequeno, de sociologia, que inclusive falava sobre as práticas de antropofagia (ação de comer carne humana, o que entre humanos é também conhecido como canibalismo) nos tempos modernos, no sentido de dizer como costumamos agir como sociedade. Bons tempos.

Todavia, esse livro me ajudou, assim como o de Clóvis Rossi, intitulado “O que é Jornalismo” (Editora Brasiliense), e me fez observar o quanto o jornalismo é mais profundo do que eu imaginava. O quanto precisávamos nos encontrar submersos em um acontecimento antes de relatá-lo, e o quão humanos deveríamos ser, isto é, nos colocarmos na pele do outro para saber o que, de fato, estava ou está se passando.

Na introdução do livro “O que é Jornalismo”, Clóvis Rossi afirma: “jornalismo, independentemente de qualquer definição acadêmica, é uma fascinante batalha pela conquista das mentes e corações de seus alvos: leitores, telespectadores ou ouvintes. Uma batalha geralmente sutil e que usa uma arma de aparência extremamente inofensiva: a palavra, acrescida, no caso da televisão, de imagens. Mas uma batalha nem por isso menos importante do ponto de vista político e social, o que justifica e explica as imensas verbas canalizadas por governos, partidos, empresários e entidades diversas para o que se convencionou chamar veículos de comunicação de massa”.

A “palavra”, a qual Clóvis se refere, tem a ver com o nosso modo de agir e expor verbalmente. Nossa liberdade de expressão, por vezes, incomoda quem deseja nos calar usando do populismo e do jogo de chavões e promessas para nos corromper e dizer que a corrupção, o crime e a mentira estão aprisionadas, e isso graças às verdades verdadeiras, mas nunca verdadeiramente provadas com exatidão verdadeira pelos do alto escalão governamental.

Todavia, a batalha ainda continuará por muitos anos, e isso é ótimo, pois o jornalismo, independente do segmento, deve ter sempre voz ativa e expor os fatos com veracidade, ética e comprometimento com seus leitores, ouvintes e telespectadores.

A busca por novos corações prosseguirá, Rossi.

* O autor é jornlaista, pós graduado em Jornalismo Esportivo e Multimídias