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Opinião

Uma lição para os envolvidos na operação “Uragano”

07 outubro 2010 - 12h07Por Ribeiro Arce

O afastamento por noventa dias do prefeito de Dourados, Ari Artuzi, do vice Carlinhos Cantor e de nove dos 11 vereadores indiciados pela Operação “Uragano”, foi um golpe duro contra a corrupção no serviço público, aplicado pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. Essa mais de um mês aguardava por uma ação mais efetiva do judiciário.

Porém, vale destacar que, tal medida é apenas um passo positivo contra a corrupção. O que o povo deseja mesmo é que todos os corruptos tenham seus mandatos cassados e sejam banidos para sempre da vida pública. Essa vontade está clara nas manifestações públicas que vem acontecendo na cidade, desde a deflagração da operação da Polícia Federal, no dia 1º de setembro último.

Vale ressaltar também que algumas punições os envolvidos já receberam, porém ainda insuficientes pelo tamanho do estrago moral e ético que cometeram. Os vereadores indiciados que insistiram em manter suas candidaturas a deputado estadual nas eleições passadas não foram eleitos. Um dos indiciados ainda foi eleito indiretamente como segundo suplente de senador. Causou certa surpresa a quantidade de votos que receberam, uma demonstração de que muitos eleitores não levaram em consideração a gravidade do envolvimento deles em supostos
atos de corrupção, conforme amplamente divulgados pela mídia.

O afastamento mesmo que parcial, uma vez que não atingiu todos os indiciados e é apenas por noventa dias, deverá corrigir a lambança cometida pelo Legislativo municipal, quando da instalação da comissão processante, que indicou dois envolvidos nas maracutaias para apurar as irregularidades do prefeito afastado Ari Artuzi. Uma comissão, até então, sem credibilidade alguma e que poderia ser questionada judicialmente e tornar-se sem efeito. Com a posse dos suplentes a Câmara Municipal tem uma oportunidade ímpar de fazer a coisa certa e atender os anseios da população, cassando o mandato de todos os indiciados pela PF na operação “Uragano”, já que nenhum deles, até agora, teve dignidade, coragem e respeito para renunciar o cargo confiado pelo povo nas de 2008.

A partir de agora esperamos que a cidade de Dourados saia desse mar de lama a que foi mergulhada por esse grupo de políticos inconsequentes e corruptos e comece a trilhar no caminho da decência e da ética pública. O clamor continua vivo, ainda falta muito para que Dourados seja passada a limpo. Além de vigiar a comissão processante no Legislativo o povo tem que ficar atento na cobrança de nova eleição para a prefeitura.

Os suplentes, além de eficientes, tem que ser honestos e rápidos, afinal, durante os próximos três meses o povo de Dourados pagará o salário de 21 vereadores e de dois prefeitos. A justiça tão criticada pela sua lentidão, bem ou mal, está fazendo a parte dela, falta ação coerente por parte dos partidos políticos que até agora mostraram muito pouca ação frente ao estrondoso escândalo. Até o momento só um dos envolvidos na “Uragano” foi punido com a expulsão da legenda a qual pertencia. Espera-se também que as dificuldades e os problemas políticos
enfrentados pela cidade sirvam de lição para a população e que de agora em diante vigie mais atentamente e bem de perto seus governantes.

O autor é professor da rede estadual de ensino. E-mail: [email protected]