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Opinião

Professor Biasotto escreve: Getúlio, Figueiredo e Lula

25 agosto 2010 - 12h55Por Wilson Valentim Biasotto

Escrevo essa crônica no dia em que o presidente Lula visitou Dourados, 24 de agosto de 2010, exatos 56 anos do suicídio de Getúlio Vargas e redondos 30 anos após a vinda do presidente João Batista Figueiredo.

Esses três personagens têm tudo a ver com aquilo que considero os três grandes eixos do desenvolvimento de Dourados: a implantação da Colônia Agrícola Nacional – CAN – a expansão do cultivo da soja em nossa região e a implantação da Universidade Federal da Grande Dourados.

Getúlio não visitou Dourados, mas sobrevoou a região em 1941 e seu avião pousou na fazenda Pacuri no Município de Ponta Porã. Imediatamente após essa viagem Getúlio criou o Território Federal de Ponta Porã. Sultan Rasslan, conversando comigo sobre essa passagem histórica, levantou a hipótese de que somente com a criação do Território de Ponta Porã é que Getúlio pôde criar a Colônia Agrícola em 1943 e que foi definitivamente implantada em 1948. Nessa época em que Dourados abrangia os atuais municípios de Douradina, Fátima do Sul, Vicentina, Glória de Dourados e Deodápolis, houve uma intensa migração, especialmente de nordestinos que, no anonimato da labuta diária, escreveram uma das mais belas páginas da história de uma reforma agrária bem sucedida em nosso país.

João Batista Figueiredo visitou Dourados em 1980 quando a cultura da soja já se consolidara na região uma vez que os primeiros plantios se deram no final da década de 1960 e expandiu-se no início dos anos de 1970. Não foi à toa que em sua passagem por Dourados visitou a fazenda dos pioneiros nesse setor, Arno e Waldir Guerra. Os Guerra e o Gresller, nessa época, eram produtores de sementes de boa qualidade e atendiam toda a região. Figueiredo impressionou-se àquela época com o estágio de mecanização agrícola que atingira a nossa região.

Agora, nesse ano de 2010 recebemos a visita de Lula a quem devemos a criação da UFGD, depois de 25 anos de insistência. O presidente operário teve para a região e para o Brasil uma visão muito mais ampla que a do presidente que o antecedeu. Com a UFGD, Dourados inicia um novo estágio de desenvolvimento. Os investimentos nesses últimos cinco anos ultrapassaram 80 milhões de reais. Muito mais do quase nada que recebeu o CEUD/UFMS ao longo de seus 34 anos de existência. E, embora 80 milhões tenham representado empregos e mais empregos, a importância maior ainda está por vir.

UEMS e UFGD, exemplo único no Mundo de duas Universidades Públicas convivendo no mesmo espaço físico, acompanhadas do esforço das duas  Instituições de Ensino Superior particulares que dispomos (UNIGRAN e Anhanguera), farão de nossa região uma das que deterão o maior Índice de Desenvolvimento Humano do país. Quem viver os próximos vinte anos poderá dizer se estou correto.

Outros presidentes visitaram Dourados. Juscelino Kubitschek foi fotografado no Clube Social, que foi abaixo em virtude da especulação imobiliária que, diga-se de passagem, não prosperou uma vez que lá está inconcluso, o prédio assentado onde jaz por toda a eternidade, um dos maiores patrimônios históricos que a nossa cidade perdeu.

João Goulart esteve por aqui em 1963, menos de um ano antes de ser deposto e ver implantada no Brasil a nefasta Ditadura Militar que fez milhares de vítimas, castrou as lideranças nacionais e, por via de consequência, promoveu uma ruptura no desenvolvimento de nossa democracia.

Depois de João Goulart, recebemos a visita do presidente Ernesto Geisel em 1976. Nessa oportunidade a Praça Antonio João foi fechada e no seu interior feito um grande churrasco, servido ao povo por janelas abertas no tapume. A nossa praça central ficou alguns dias em estado semelhante ao que se encontra nos últimos vinte meses, ou seja, completamente fechada. Mas, ao contrário da seca que enfrentamos nesse mês de agosto, naquele dia da visita de Geisel, caiu uma chuva torrencial que obrigou o povo a comer carne molhada.

Desconheço se foi nessa visita que Geisel lançou o PRODEGRAN – Programa de Desenvolvimento da Grande Dourados. Com a palavra o ex-prefeito José Elias Moreira, sucessor de Totó Câmara (que governava quando Geisel esteve por aqui), e que recebeu em sua gestão investimentos de grande monta, transformando Dourados em um canteiro de obras, recursos esses só superados na gestão do governo Lula.

Espero poder escrever sobre a visita de muitos outros presidentes e constatar em cada uma delas avanços acentuados em nossa cidade que ainda é uma Cidade Educadora.

Suas críticas são bem vindas: [email protected]

* Membro da Academia Douradense de Letras; aposentou-se como professor titular pelo CEUD/UFMS, onde, além do magistério e desenvolvimento de projetos de pesquisas, ocupou cargos de chefia e direção.